Viu um semblante negro e difuso,
retrato sem uso
para os seus olhos
quedos e imaculados.

Um reflexo pesado,
tenso e macabro.
Sílaba átona
e desajustada
a um mecanismo ordenado.

Um vidro delator
anuncia à mulher
um vulto inesperado,
sem culpa nem pecado.
Um pretérito imperfeito,
um presente constrangedor.

“Surjo eu, o declarado,
O seu antigo enamorado…”
De repente e sem jeito
sinto uma fuga no peito!
A pouco e pouco perco fôlego
e o calor conservado.


Diante de ti diminuído.
Os seus olhos no chão prostrados.
De que padece o teu amigo?
Parece tão incomodado comigo!
Não é ele o afortunado?


És o mal do qual padece
e ao que parece,
também ele já o provou!
Veneno tão bem empregue!
Está contaminado e corroído!
Olha, vai tu e o teu amigo
Para o Diabo que vos carregue!

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